Buganvília de Lágrimas - Por Derek Castro
"O que serei, então, depois de velho."
António Nobre
"Em trágicas ruínas, tristemente
Tenho por resumida a juventude;
Turvou-me a aurora prematuramente
A escuridão mortal da senectude.
Envelheci no alvor da solitude
Lançado no infortúnio, penitente;
É-me pesada, tão intensa e rude,
A mão do meu fadário de sofrente.
A flor da idade é bela, forte e ardente!
Quanta ventura pela vida existe!
Que eu tudo vi tornar-se decadente...
Quanta velhice em mim se conglomera!
Senhor! Não há de haver algo mais triste,
Do que um outono em plena primavera!"
Desenho de Derek Castro:
O Anjo
Lápis: 2H, 2B, 3B and 7B.
Sobre Papel Canson - A4
António Nobre
"Em trágicas ruínas, tristemente
Tenho por resumida a juventude;
Turvou-me a aurora prematuramente
A escuridão mortal da senectude.
Envelheci no alvor da solitude
Lançado no infortúnio, penitente;
É-me pesada, tão intensa e rude,
A mão do meu fadário de sofrente.
A flor da idade é bela, forte e ardente!
Quanta ventura pela vida existe!
Que eu tudo vi tornar-se decadente...
Quanta velhice em mim se conglomera!
Senhor! Não há de haver algo mais triste,
Do que um outono em plena primavera!"
Desenho de Derek Castro:
O Anjo
Lápis: 2H, 2B, 3B and 7B.
Sobre Papel Canson - A4
Decadência Primaveril - Por Derek Castro
(Sonetos Decassílabos)
"Na minha vida, quando as tenras flores
Da infância, germinaram olorosas,
Encheram-me a alma as formas vaporosas
De todos os sonhares e furores;
Ao coração — jardim de pulcras rosas --
Deram-se as primaveras dos amores,
Emanações de férvidos ardores,
Eflúvios de ilusões esplendorosas!...
Vestida em vaga glória e magnitude
A minha enaltecida juventude
Tão cedo se turvou das claridades;
Ao coração, restou-me dessas flores,
Somente as murchas pétalas das dores,
E uma coroa negra de saudades!"
Desenho de Derek Castro:
Op under Fjeldet toner en Lur - Theodor Kittelsen - Cover
Carvão
Lápis: 2H, B, 2B.
Sobre Papel Canson Creme
"Na minha vida, quando as tenras flores
Da infância, germinaram olorosas,
Encheram-me a alma as formas vaporosas
De todos os sonhares e furores;
Ao coração — jardim de pulcras rosas --
Deram-se as primaveras dos amores,
Emanações de férvidos ardores,
Eflúvios de ilusões esplendorosas!...
Vestida em vaga glória e magnitude
A minha enaltecida juventude
Tão cedo se turvou das claridades;
Ao coração, restou-me dessas flores,
Somente as murchas pétalas das dores,
E uma coroa negra de saudades!"
Desenho de Derek Castro:
Op under Fjeldet toner en Lur - Theodor Kittelsen - Cover
Carvão
Lápis: 2H, B, 2B.
Sobre Papel Canson Creme
13 de Setembro - Por Derek Castro
(Sonetos Decassílabos)
"Já alveja em meus cabelos o negror,
A minha tez s'enruga em vincos, tantos!
Aos olhos meus s'esbate o brilho, a cor,
Náufragos em um pélago de prantos.
Da vida se quebraram os encantos,
A minha mocidade, o meu vigor...
E agora em meus recônditos recantos,
Tudo é dolência, lástima e travor.
Ah... Minhas primaveras desflorescem,
Meus hortos, frios, lívidos languescem...
Na senectude acrômica d'outono...
Quem dera que viver, inda eu pudesse...
Já sinto, como quem me já viesse,
Cerrar os olhos meus, cheios de sono..."
Desenho de Derek Castro:
Anjo Dormindo (Cemitério da Recoleta)
Lápis sobre papel, carvão.
A4
20/04/2013
"Já alveja em meus cabelos o negror,
A minha tez s'enruga em vincos, tantos!
Aos olhos meus s'esbate o brilho, a cor,
Náufragos em um pélago de prantos.
Da vida se quebraram os encantos,
A minha mocidade, o meu vigor...
E agora em meus recônditos recantos,
Tudo é dolência, lástima e travor.
Ah... Minhas primaveras desflorescem,
Meus hortos, frios, lívidos languescem...
Na senectude acrômica d'outono...
Quem dera que viver, inda eu pudesse...
Já sinto, como quem me já viesse,
Cerrar os olhos meus, cheios de sono..."
Desenho de Derek Castro:
Anjo Dormindo (Cemitério da Recoleta)
Lápis sobre papel, carvão.
A4
20/04/2013